IMPLICAÇÕES DA GESTÃO ESCOLAR DA U.E.B MARIANA PAVÃO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DO 1ª CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Por: Renata Lee

A escola é composta por uma variedade de pessoas, as quais possuem formas de vida e conhecimentos diversos.

Por sua própria função, a escola constitui-se em uma organização sistêmica aberta, isto é, um conjunto de elementos (pessoas, com diferentes papéis, estrutura de relacionamento, ambiente físico, etc.), que interagem e se influenciam mutuamente, conjunto esse relacionado, na forma de troca de influências, ao meio em que se insere. (LÜCK, 2001, p. 9).

Este universo escolar contemporâneo, observando a diversidade que o cerca, tem a função de facilitar que cada pessoa reconstrua conscientemente seu pensamento e ação através da coletividade, refletindo sobre as experiências individuais e grupais (RIGAL, 2000 apud BARBOSA, 2002), ou seja, criando consciência sobre as desigualdades existentes, com pensamento crítico sobre as variedades de seres humanos e heterogeneidade cultural em uma escola.
Além das diversidades encontradas, somam-se a esse universo as constantes transformações que o mundo vem sofrendo, em que as escolas passaram a repensar seu papel diante do processo da globalização.

[...] De fato, o novo paradigma econômico, os avanços científicos e tecnológicos, a reestruturação do sistema de produção e as mudanças do mundo do conhecimento afetam a organização do trabalho e o perfil dos trabalhadores, repercutindo na qualificação profissional e, por conseqüência, nos sistemas de ensino e nas escolas. (LIBÂNEO, 2004, p. 45).

Observa-se, assim, a necessidade da adequação de práticas educativas a essa nova escola em que é necessário vivenciar a igualdade em prol de diversidades, adequando-se às transformações sociais, políticas e tecnológicas. As instituições escolares precisam estar atentas às estratégias da globalização, para que possam desempenhar seu papel educativo neste processo de mudança em que se encontra a sociedade.
Neste universo escolar, a gestão passa a ter um conceito novo, que antes era limitado como administração escolar, em que visava o controle, a produtividade e eficiência, pois se baseava em conceitos de administração, já que: “a administração é um processo de planejar, organizar, dirigir e controlar recursos humanos, materiais, financeiros e informacionais, visando à realização de objetivos”. (MARTINS, 1999, p. 24).
Atualmente o conceito de administração escolar é pautado no dinamismo de seus profissionais, buscando a coletividade da comunidade escolar, ansiando por condições básicas e fundamentais para a melhoria da qualidade do ensino e a transformação da educação.

A administração escolar é um conjunto complexo de atividades que criam condições para a integração e o bom funcionamento de grupos que operam em divisão do trabalho. Aí está explícito que a unidade total de tarefas é subdividida em unidades menores e confiadas a pessoas ou grupos que possuem certa autonomia para executá-las. Portanto, quanto mais poderes os indivíduos ou grupos têm para realizar tarefas, mais descentralizada e democrática é a administração escolar. Não é, pois, recomendável a centralização que caracteriza a administração autoritária, ainda mais quando o conceito atual é que a administração tem a função de zelar pelo funcionamento harmonioso e orgânico dos grupos. (MARTINS, 1999, p. 34)

Cabe ressaltar que as palavras gestão e administração são utilizadas ora como sinônimos, ora como termos diferenciados. Pois, em alguns momentos, o termo gestão representa um processo dentro da ação administrativa escolar, em outros momentos apresenta-se como sinônimo de gerência.
Na concepção de Luz e Werle (2008, p. 8), “A expressão ‘gestão escolar’, usada para designar a direção escolar, a equipe técnico-pedagógica, ou mesmo o diretor, abrange o gerenciamento do todo escolar.”
A gestão escolar atual deve ser composta por profissionais competentes com liderança, buscando uma perspectiva de superação das dificuldades do seu dia-a-dia, através da adoção de métodos que permitam a solução dos problemas encontrados no ambiente escolar.
Conforme Libâneo (2004, p. 100), a gestão escolar deve ter como objetivos:

a) prover as condições, os meios e todos os recursos necessários ao ótimo funcionamento da escola e do trabalho em sala de aula;
b) promover o envolvimento das pessoas no trabalho por meio da participação e fazer o acompanhamento e a avaliação dessa participação, tendo como referência os objetivos de aprendizagem;
c) garantir a realização da aprendizagem de todos os alunos.

O gestor educacional deve utilizar métodos que propiciem, na instituição, a união da comunidade escolar, em que vincule as condições materiais às condições humanas, no ensejo de garantir o avanço dos processos sócio-educacionais da escola em que atue.
Este profissional deve orientar a todos seus colaboradores para a promoção eficaz da aprendizagem pelos educandos, para transformá-los em pessoas aptas a enfrentar os desafios da atual sociedade, a qual se encontra em constantes transformações tanto cultural, como política e sócio-econômica, mutações que estão pautadas em avanços tecnológicos cada vez mais latentes.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em sua parte introdutória, afirmam que objetivos gerais do Ensino Fundamental estão pautados em termos de capacidades cognitiva, física, afetiva, de relação interpessoal e inserção social, ética e estética, estes objetivos visam uma formação ampla.

A capacidade cognitiva tem grande influência na postura do indivíduo em relação às metas que quer atingir nas mais diversas situações da vida [...]. A capacidade física engloba o autoconhecimento e o uso do corpo na expressão de emoções, na superação de estereotipias de movimentos, nos jogos, no deslocamento com segurança. A afetiva refere-se às motivações, à auto-estima, à sensibilidade e à adequação de atitudes no convívio social, estando vinculada à valorização do resultado dos trabalhos produzidos e das atividades realizadas. [...]. O desenvolvimento da inter-relação permite ao aluno se colocar do ponto de vista do outro e a refletir sobre seus próprios pensamentos. [...] A capacidade estética permite produzir arte e apreciar as diferentes produções artísticas produzidas em diferentes culturas e em diferentes momentos históricos. A capacidade ética é a possibilidade de reger as próprias ações e tomadas de decisão por um sistema de princípios segundo o qual se analisam, nas diferentes situações da vida, os valores e opções que envolvem. [...]. (BRASIL, 1997, p. 47-48).

Os objetivos elencados demonstram a preocupação de ofertar aos alunos um ensino que vise além do fator educacional: uma preparação para a vida, em fatores sócio-afetivo-éticos, levando-se em conta a qualidade do ensino.
Observa-se, assim, a necessidade de adequação das práticas educativas nesta fase escolar. Libâneo (2004, p. 51) esclarece que:

A escola necessária para fazer frente a essas realidades é a que provê formação cultural e científica, que possibilita o contato dos alunos com a cultura, aquela cultura provida pela ciência, pela técnica, pela linguagem, pela estética, pela ética. Especialmente, uma escola de qualidade é aquela que inclui uma escola contra a exclusão econômica, política, cultural, pedagógica.

Assim, a escola atual deve oferecer aos seus alunos a qualidade de ensino aliada às transformações tecnológicas, não esquecendo o lado cultural.


No Ensino Fundamental, o desenvolvimento escolar deve seguir a regras pré-estabelecidas, conforme preconiza a LDB, em seu art. 32:

Art. 32º. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. (BRASIL, 1996, p.1 )

Ressalta-se, que a escola deve direcionar seus educandos para que os mesmos sejam capazes de assimilar os objetivos determinados não somente em aprendizados escolares, mas no seu desenvolvimento como pessoas atuantes na sociedade, em cidadãos. Porém, a gestão não pode trabalhar sozinha, precisa do apoio de toda comunidade escolar, com ações conjuntas e articuladas, visando o bem maior, que é o conhecimento do aluno.

Gestores capazes estabelecem interligações efetivas entre a escola e a comunidade e de tal modo a superar a tendência ao isolamento e fechamento em si dos ambientes escolares. Boas escolas são aquelas abertas à comunidade, seja convidando seus membros a participarem como voluntários do processo escolar, seja levando os alunos a participarem das problemáticas de sua cidade, emprestando, desse modo, ao currículo, um sentido de realidade, tal como deve ter. (LÜCK, 2008, p. 113).

A gestão escolar deve fornecer suportes pedagógico-didáticos para o trabalho escolar “[...] organizar e acompanhar as atividades de elaboração do plano de ensino e prestar assistência pedagógico-didática aos professores na sala de aula.” (LIBÂNEO, 2004, p. 209).
O acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem é imprescindível para a plena execução do mesmo, no qual são verificadas as dúvidas e o acompanhamento dos alunos, observando-se habilidades e capacidades intelectuais, para o bom entendimento e compreensão do aluno.


A atual gestão deve buscar capacitações constantes, melhorias de condições (físicas e materiais) e metodologias, com o ensino e a aprendizagem de forma abrangente e dinâmica. Assim como,

[...] precisa valer-se da "pesquisa" para que educadores (as) possam mediar e os alunos e alunas possam aprender. O conhecimento inacabado, pronto para ser investigado, complementado e transformado, exige uma forma de ensino-aprendizagem dinâmica, contextualizada e significativa; o sujeito que deseja aprender precisa trazer seu conhecimento para que o mesmo possa se transformar na ação educativa; a ação precisa decorrer daquilo que se pensa, e o pensamento deve gerar uma ação modificada; a metodologia de ensino necessita investir na construção coletiva do conhecimento, no interdiscurso e na operatividade. (DEMO, 1993 apud BARBOSA, 2002, p. 31-32).

O diretor deve dispor uma parte de seu tempo para acompanhar o processo de ensino e aprendizagem, analisando e orientando as aulas dadas, observando-se habilidades e capacidades intelectuais, buscando a qualidade no processo de ensino e aprendizagem, Pois “[...] liderança pressupõe conhecimento, não se pode pensar em líder que não esteja por dentro do trabalho dos liderados, que não conheça as suas práticas e partir desse conhecimento procure promover a melhoria contínua.” (LÜCK, 2008, p. 16).
Na escola, a gestão depende da atuação da direção e da coordenação pedagógica, em que:

[...] o diretor de escola é o responsável pelo funcionamento administrativo e pedagógico, portanto, necessita de conhecimentos administrativos quanto pedagógicos. Entretanto, na escola, ele desempenha predominantemente a gestão geral da escola e, especificamente, as funções administrativas (relacionadas com o pessoal, com a parte financeira, com o prédio e os recursos materiais, com a supervisão geral das obrigações de rotina do pessoal, relações com a comunidade), delegando a parte pedagógica ao coordenador ou coordenadores pedagógicos. (LIBANEO, 2004, p. 111).

Frisa-se que o papel decisório na gestão escolar cabe à direção, a qual orienta o trabalho conjunto das pessoas, integrando-as em rumo aos objetivos traçados, através da coordenação, buscando a melhor forma possível para a sua execução (LIBÂNEO, 2004).
A direção é, portanto, papel assumido pelo diretor da escola, o qual é:

[...] um tipo de profissional com conhecimentos e habilidades para exercer liderança, iniciativa e utilizar práticas de trabalho em grupo para assegurar a participação de alunos, professores, especialistas e pais nos processos de tomadas de decisões e nas soluções de problemas (op. cit, p. 112).

“É preciso a participação conjunta dos profissionais (orientadores, supervisores, professores polivalentes e especialistas) para tomada de decisões sobre aspectos da prática didática [...]” (BRASIL, 1997, p. 68).
Papéis são definidos na gestão escolar, mas torna-se vital que a mesma atue conjuntamente em prol de uma meta: o ensino adequado e de qualidade de seus educandos, evidenciando-se o ensino no 1° ciclo, início da fase escolar de alfabetização. Pois:

A sistematização do processo de alfabetização se dará ao longo dos anos subseqüentes, ou seja, a partir da segunda série do ensino fundamental. Assim que o aluno adquire segurança no contato prazeroso, contextualizado e significativo com a língua escrita, sua leitura torna-se mais fluente e compreensiva. Por meio da leitura, o aluno assimila, aos poucos, as convenções ortográficas e gramaticais, adquirindo competência escritora compatível com as exigências da escrita socialmente aceita. Desenvolve-se, assim, o gosto e o interesse pela leitura e a habilidade de inferir, interpretar e extrapolar as idéias do autor, formando-se o leitor crítico. (FORTUNATI, 2007, p. 80-81).

Nesta fase a gestão escolar passa a acompanhar e atuar mais incisivamente junto ao processo de ensino e aprendizagem, no sentido de preparar os alunos para o entendimento da leitura e da escrita, para poder transformá-los em cidadãos atuantes e participativos na sociedade que os cerca.

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