O aluno e o professor como pessoas: conhecendo o aluno (Parte 1)

No relacionamento professor-aluno sempre devemos questionar nossa prática a fim de reavaliar se de fato o processo de aprendizagem está ocorrendo, não é mesmo?
Na busca pela coerência nesse processo de ensino-aprendizagem, o conhecimento sobre quem são seus alunos e as diferenças individuais podem fazer muita diferença na hora de conquistar a atenção e a aprendizagem...
Então, se você está com dilemas sobre, se de fato você conhece seus alunos e sobre se você sabe ‘olhá-los’ e tratá-los como pessoas com diferenças individuais que necessitam de métodos de ensino adequados a essas diferenças, visando uma aprendizagem mais satisfatória e um crescimento integral das personalidades, proponho a leitura do texto de Díaz [1], que revela que essa descoberta, bem como uma prática satisfatória, estão relacionadas exatamente a um conhecimento de teoria sobre as características pessoais que mais influem sobre a aprendizagem e o seu fazer, como afirma McKeachie: “[...] o ensino torna-se mais eficaz quando o professor conhece a natureza das diferenças entre os alunos”.
Além do apanhado do texto, fiz uma apresentação que você também pode acompanhar e utilizar à vontade...

“Não existe um só método que tenha dado o mesmo resultado com todos os alunos...O ensino torna-se mais eficaz quando o professor conhece a natureza das diferenças entre seus alunos”. Wilbert J. McKeachie.

Quando ensinamos, desejamos que o aluno aprenda e cresça como pessoa humana de forma integral.
Para ensinar, definimos certos objetivos e escolhemos certos conteúdos e certas atividades (métodos), que são aplicados na situação docente.
Mas os alunos não são todos iguais; são, antes de tudo, pessoas diversas e singulares, que conseqüentemente, reagirão de forma diferente a:
  • Nós como professores;
  • Nossos objetivos;
  • Nossos conteúdos (matéria);
  • Nossas formas de relacionamento e métodos de ensino e de avaliação .

Assim, as reações diferentes os levarão a aprender de forma diferente (ou a não aprender).
Fica então um questionamento a ser respondido:

QUE CARACTERÍSTICAS PESSOAIS DOS ALUNOS DEVE MERECER A ATENÇÃO DO PROFESSOR EM VIRTUDE DE AFETAREM SIGNIFICATIVAMENTE O EFEITO DO ENSINO-APRENDIZAGEM?

Há vários caminhos para tentar responder à pergunta acima. O caminho de nossa experiência e sentido comum, que nos ajudaria a identificar que aspectos da personalidade dos estudantes explicam melhor suas diferenças e aprendizagem.
Outro caminho seria o da especulação, que pode ser desenvolvido em termos de teorias de motivação e de personalidade.
Um terceiro caminho é o da pesquisa, que recorre a estudos já feitos e publicados. 



AS TEORIAS DA PERSONALIDADE E DA MOTIVAÇÃO

Entre os numerosos autores que estudaram o problema das diferenças individuais e seu efeito sobre a conduta, escolhemos Freud, Maslow, Piaget, McClelland e Rokeach, pois de suas contribuições pode surgir uma compreensão, ou um novo olhar do aluno como pessoa humana, afim de que, a partir da análise dos fatores que afetam o desenvolvimento da personalidade, seja proporcionada uma explicação mais efetiva sobre a forma diferente com que cada educando lida frente ao processo educativo. 
Concebeu o homem como um sistema dinâmico de energias, composto por três subsistemas: o “id” ou “libido”, fonte primária de energia psíquica na forma de instintos biológicos inconscientes que demandam satisfação; o “ego”, que é o sistema dos processos cognitivos (percepção, pensamentos, planejamento, decisão), que controla e dirige de maneira realista os impulsos do “id”; e o “superego”, carregado da repressão de impulsos perigosos, é um produto da interiorização das normas, prêmios e castigos que os pais, a escola, a sociedade, impõem sobre as crianças.



As formas do "id", do "ego" e do "superego” estão freqüentemente em conflito, e daí nasce a ansiedade. A pessoa desenvolve “mecanismos de defesa” contra a ansiedade. As formas em que estes mecanismos se manifestam marcam as diferenças de comportamento entre as pessoas.

Outro fator de diferenciação entre as pessoas são sua vivência das “etapas psicossociais”: oral, anal, fálica e genital. Diferenças individuais na personalidade adulta, segundo Freud, encontram sua causa remota na maneira específica em que a pessoa experimenta e resolve os conflitos ocorridos nessas etapas. A pessoa pode sofrer uma fixação numa certa etapa e manter durante a vida inteira um “caráter” correspondente a essa etapa.


Pensava que toda pessoa tem uma tendência básica para realizar o que nela está em potencial, e concebe a existência de cinco tipos de necessidades:

No desenvolvimento da pessoa, uma necessidade de nível mais primário deve ser satisfeita antes que surja a próxima necessidade de nível mais alto. Todas estas necessidades coexistem em todas as pessoas, mas, por vezes, uma domina de forma especial. Qual das necessidades vem a dominar, dependerá das condições em que o desenvolvimento da pessoa for realizado.


Um dos estudiosos mais conhecidos estudou o desenvolvimento paralelo da inteligência e da emocionalidade durante o crescimento da criança e do adolescente. Na concepção desse estudioso, o maior ou menor desenvolvimento da assimilação de esquemas de uma criança vai depender da interação dela com o seu meio ambiente (pais, família etc.).

A teoria psicogenética de Piaget confere muita responsabilidade aos pais e professores, pois deles depende em grande parte a estimulação que faz a estrutura mental da criança desenvolver-se de forma rica e flexível, ou pobre e rígida. O mesmo acontece em relação ao desenvolvimento da emocionalidade.


Estudou a variação de intensidade das necessidades ou motivos nas diversas pessoas e formulou uma teoria sobre as razões dessas variações. Assim, por exemplo, McClelland acha que a necessidade de realização (“need for achievement” ou “n-achievement”) se desenvolve melhor nas crianças cujas mães as educam para serem independentes. A criança criada de forma independente se torna mais tarde motivada para o “fazer”, obter sucesso e transformar o ambiente, sem necessitar de muitos incentivos extrínsecos, pois o motor que a impulsiona está dentro dela mesma.



Elaborou um estudo sobre "sistemas de crenças", dividindo as pessoas segundo o seu grau de "autoritarismo", "dogmatismo" ou "inflexibilidade mental" em "pessoas de mente aberta" e "pessoas de mente fechada". Esta qualidade é independente da ideologia, já que é uma propriedade estrutural da mente, e não do conteúdo das idéias.
No contexto educativo, seguindo a idéia desta teoria, é possível que alunos de mente fechada ou aberta reajam de forma diferente aos métodos didáticos modernos, que exigem discussão e mudança de idéias, e que os primeiros tenham a aprendizagem dificultada pela sua estrutura mental rígida.



 [1] DÍAZ, Juan Bordenave. Estratégias de ensino-aprendizagem. 29. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.



Você pode baixar o texto na íntegra (Partes 1 e 2 do tema "O aluno e o professor como pessoas") AQUI

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